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Edição do Cine-Clube do Porto, 1963. In-8.º de 133-(5) págs. Brochado e profusamente ilustrado com pormenores de planos do filme.
BELÍSSIMO EXEMPLAR, muito bem conservado apesar de vestígios de carimbo a óleo no ante-rosto. Capa ligeirmanete empoeirada.
Anexa-se impressão da Cinemateca Portuguesa a stencil, com texto impresso pela frente e verso, da autoria de M. S. Fonseca, e datado de 16.XI.1988.
PRIMEIRA EDIÇÃO (existe uma reedição de 1992) da primeira longa-metragem e considerado o primeiro filme icónico (apresenatdo em 1942) de Manuel de Oliveira.
" ... Crianças de um bairro popular do Porto vivem aventuras, histórias, descobertas, medos e as primeiras inclinações sentimentais. ..." (Memoralia - Cinema Portugês)
Aniki-Bóbó é uma adaptação livre de um conto de Rodrigues de Freitas, Os Meninos Milionários, e tem como centro narrativo um grupo de crianças portuenses. Por trás da rebeldia e brincadeiras próprias da idade, Manoel de Oliveira dramatiza, através destes miúdos, emoções do mundo adulto. Aniki-Bóbó não é um filme sobre crianças e para crianças, mas sobre adultos no estado de criança. (Mónica Batista, jornal Público de 24.III.2023).
Nas palavras de Manoel de Oliveira apresentado no programa nº183 do Cine-Club do Porto, em 1954, ele diz-nos:
" ... Que poderei dizer do «Aniki-Bóbó? Que terei para dizer !
Se o ficesse hoje, fá-lo-ia, certamente, bem diferente. Porque eu pense que os petizes já não fazem hoje aquelas mesmas coisas que fizeram a história do «Aniki-Bóbó»? Não, por essa racão não, de forma alguma. Neste ponto entendo hoje exactamente como então, quando fiz o filme. Continuo convencido de que os garotos daquela idade, hoje como ontem, procederiam idênticamente em idênticas circunstâncias. Mas, repito, se voltasse ao mesmo assunto, faria hoje, certamente, coisa bem diferente. Porque quem mudou, ou julga ter mudado e muito, fui eu.
Intenções em «Aniki-Bóbó»? Sim, certamente. E até ambiciosas, talvez. Ao tentar contar uma história tão simples como esta, pretendeu-se fazer espelhar nas crianças os problemas do homem, problemas ainda em estado embrionário; pôr em oposição concepções do bem e do mal, o ódio e o amor, a amizade e a ingratidão. Pretendeu-se sugerir o medo da noite e do desconhecido, a atracção da vida que palpita em todas as coisas à nossa volta, contrastando com a monotonia do que é fechado, limitado por paredes, pela força ou pelas convenções. Se se entrevê ou se sente, no decorrer do filme, qualquer aspecto de carácter social ou económico, o certo é que isso nunca foi ponto fundamental de estrutura ou construção. Como já não o era em «Douro, faina fluvial».
Quando muito, em «Aniki-Bóbó», intencionalmente, mas muito ao de leve, pretendi sugerir uma mensagem de amor e compreensão do semelhante, como advertência a uma sociedade que luta e se desespera em injustiças. ..."